Sempre
que oiço alguém dizer (a respeito de fulano, beltrano, sicrano) “So-and-so owes me a favor” ou “Why should I help? What has he/she ever done
for me?” fico logo de pé atrás em relação a essa pessoa. Gentinha deste
tipo é falsa, dão-me volta ao estômago e eu tenho um nariz muito apurado para
os detectar. Infelizmente não foi sempre este o caso, deixei-me enganar no
passado e o resultado de tanta igenuidade parva é hoje ter de lidar com muitas
pessoas assim. Um outro efeito secundário foi um mecanismo de defesa da minha
parte que resultou em relações superficiais, distâncias higiénicas e conversas
de chacha.
Ser prestável deve ser prova de boa vontade sem quaisquer segundas intenções.
Porque ajudar para agradar aos outros, ou para que estes gostem de nós, ou para
que nos fiquem a dever um favor qualquer, perde todo o mérito. Ser
prestável vai muito além de um mero esforço humanitário; sermos uns para os outros é um caminho de alegria e auto-realização.
Porque
ajudar sem agendas escondidas (como, por exemplo, para sermos bonzinhos e
ganharmos o reino dos Céus) torna-se um acto egoista no bom sentido da palavra:
fazemos a pessoa que necessita de ajuda feliz e, como a felicidade é
contagiosa, nós próprios também nos sentimos bem ao ver o fruto do nosso
trabalho e o impacto que tivemos – por muito pouco que este seja. Por outro
lado, ajudar para ganho pessoal ou por obrigação é uma oportunidade perdida para
fazer crescer a felicidade. E é esta a razão porque o voluntariado é, frequentemente,
uma das melhores receitas médicas para a depressão – e não me refiro à
depressão clínica, com a qual não se deve brincar e que requer atenção médica;
refiro-me mais aos “blues” que resultam dos maus bocados porque todos passamos
ao longo da vida.
"When we give cheerfully and accept
gratefully, everyone is blessed." – Maya Angelou
“The best way to find yourself is to lose yourself in the service of
others.” – Mahatma Gandhi