Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

28 de dezembro de 2014

A importância dos rituais (ou a razão porque há momentos na vida em que ser teimoso dá geito)



As the old year comes to a close, I’ve been thinking about things to change in my life in order to live a more productive, peaceful and fulfilling 2015. I have lived long enough to know what I want and what I can do without, and I’ve arrived at the following conclusion: now that I know what is important to me and the kind of people I need to surround myself with in order to grow in spirit and become a better human being, I just need to abandon this fear of uncertainty that has clung to me since birth and go forward with courage, determination and gumption. And how will I accomplish this? By being true to myself and becoming more consistent with my good habits. It’s that simple.

Assim como certos hábitos de higiene podem evitar problemas de saúde e ajudar a poupar dinheiro em médicos e dentistas, há certos rituais/hábitos que, quando incorporados no caos da nossa labuta diária, nos podem ajudar a viver uma vida com menos problemas e a ter um futuro mais risonho. A Yoga ensina-nos que os pensamentos conduzem a acções; que as acções tornam-se hábitos; que os hábitos formam o carácter de cada um de nós e que o nosso carácter determina o nosso destino. Rituais diários consistem em substituir pensamentos positivos por acção. Nós somos o que pensamos, porque o que pensamos determina o que fazemos. Quando um ritual positivo se torna um hábito, deixamos de pensar nele. Assim como lavar os dentes, o ritual positivo passa a fazer parte do nosso cotidiano e torna-se banal.

Falta de tempo? Desculpa esfarrapada! Basta substituir um mau hábito (e quem é que não os tem?) por um hábito que, a longo prazo, nos seja benéfico. Igualmente importante é fazer um esforço concertado para se ser consistente e estarmos devidamente atentos para não cair na ratoeira das agências publicitárias e meios de comunicação social cujo ganha pão é seduzir os meros mortais a acreditar que basta consumir uma infindável variedade de produtos para sermos mais felizes, mais bem-sucedidos e mais sexy – tudo isto sem alterarmos as nossas vidas nem modificar os nossos hábitos, por muito maus que estes sejam. “Tem azia, os lípidos elevados, sente-se triste ou tem problemas cardíacos? Não precisa de ter cuidado com a alimentação nem de reduzir o stress da sua vida; coma o que quiser, não altere a sua rotina, tome um dos nossos comprimidos e verá como depressa se sentirá melhor e será mais feliz.” “Quer apresentar uma imagem de executivo poderoso e invencível? Então compre um dos nossos carros e verá como as mulheres o admiram e caiem aos seus pés enquanto que os homens o admiram e invejam...” E nós, as marionetes num mundo super estimulado e stressante, desesperados por um “quick fix” para qualquer maleita que nos assole (quem tem tempo de se dar ao luxo de cuidar de si?) acabamos por, frequentemente, cair nesta ratoeira. Infelizmente “quick fixes” não existem e não há fartura material que tenha um efeito duradouro na dor de ninguém.

Lavar os dentes, usar fio dental, tomar banho, ter cuidado com a alimentação, praticar exercísio físico, ler, ter pensamentos positivos (que não devem ser confundidos com fantasias) reduzir o stress, praticar meditação (para uns), frequentar estabelecimentos de religião organizada (para outros) são alguns exemplos de simples rituais cotidianos que podem (potencialmente) ser perpetuamente transformadores. O problema é que nos sentimos frequentemente impotentes para controlar o burburinho de vozes contraditórias ou sem nexo nas nossas cabeças, para atirar uma rédea aos nossos pensamentos sem freio, e isto faz com que permanecer focado e disciplinado durante o tempo suficiente para alcançar resultados positivos nem sempre seja tarefa fácil. Mas vale bem a pena. Assim como nem Roma nem Pavia se fizeram num dia, os bons hábitos também levam tempo a criar. Tudo quanto vale a pena dá trabalho e leva tempo.

Yet another New Year’s resolution. Will it lead to success, or fall by the wayside? Time will tell. What I know for sure is this: like so many other things in life, the key is practice/practice/practice, persistence and consistency. There are times in life when being stubborn comes in handy... and it’s about time I start living up to my reputation.

http://img.gauraw.com/wp-content/uploads/2012/07/We-are-what-we-repeatedly-do-Excellence-then-is-not-an-act-but-a-habit.png 

[ the typical American lunch “hour” – the end result is quite evident. ]

25 de dezembro de 2014

Merry Christmas



Não consigo ver este vídeo sem chorar:


So this is Christmas
And what have you done?
Another year over
And new one just begun
And so this is Christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young
A very, Merry Christmas
And a Happy New Year
Let’s hope it’s a good one
Without any fear
And so this is Christmas (War is over)
For week and for strong (If you want it)
For rich and the poor ones (War is over…NOW!)
The world is so wrong
And so Happy Christmas (War is over)
For black and for white (If you want it)
For yellow and red ones (War is over…NOW!)
Let’s stop all the fight
A Merry, Merry Christmas
And a Happy New Year
Let’s hope it’s a good one
Without any fear
And so this is Christmas (War is over)
And what have we done? (If you want it)
Another year over (War is over…NOW!)
And a new one just began
And so Happy Christmas
We hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young
A very Merry Christmas
And a Happy New Year
Let’s hope it’s a good one
Without any fear

War is over
If you want it
War is over…NOW!
 

20 de dezembro de 2014

No alvo

http://www.acclaimclipart.com/free_clipart_images/heart_with_a_bullseye_0515-1001-1300-2411_SMU.jpg

Por brincadeira e curiosidade li um artigo num site português sobre como o signo em que nasci afecta a minha atitude quanto ao amor – e fiquei bastante surpreendida com a análise.

Já sabia de que signo sou e agora fiquei a saber que pertenço ao grupo dos signos da terra (Touro, Virgem e Capricórnio). Não me posso debruçar sobre os outros mas, no meu caso, não podia ser mais exacto:

“As pessoas com signos deste elemento procuram a segurança, e portanto relacionamentos duradouros. Só se entregam realmente quando têm a certeza de que a outra pessoa também deseja isso para a sua vida. Se o seu signo é do elemento Terra, é uma pessoa que preza as bases sólidas e a fidelidade no amor, bem como os laços de amor sólidos. Não existem segredos no que diz respeito ao amor para estes signos. Você é uma pessoa objectiva, prática e mantém sempre os pés bem assentes na terra, custe o que custar. Raramente investe em relações que pensa que não terão sucesso e gosta de viver a vida sem grandes confusões. Para si, tudo deve ser claro, simples e sem segredos. Não se deixa levar por promessas de amor ou por falinhas mansas, e consegue avaliar sem grandes erros se pode ou não confiar na outra pessoa. Prefere ter ao seu lado alguém que não viva também ilusões, em que saiba que pode confiar e, principalmente, não a desiludir.”
Sim, é verdade: prezo muito a estabilidade (talvez a razão principal porque a rotina não me assusta nem aborrece); prefiro o que é sólido, seguro e confiável ao instável e a constantes aventuras; mas, sobretudo, é extremamente importante ter alguém ao meu lado com quem compartilhe o mesmo tipo de interesses (ou que me complemente nas diferenças), alguém que respeite muito e com quem possa crescer e aprender e, sobretudo, que não seja possessivo ou dado a cenas de ciúmes, nem que nunca me minta ou traia. Inteligência, integridade, bondade e força interior atraem-me; “loose cannons”, preguiçosos, apáticos e sem compasso moral repugnam-me. Mas acima de tudo preciso é de honestidade e respeito; com as outras diferenças, se for com alguém que vale mesmo a pena, trabalha-se. O trabalho não me assusta.
Não me venham é com falinhas mansas nem me atirem areia aos olhos só para me apaziguar, agradar, conquistar ou satisfazer.  Os meus dias de parva ingénua acabaram.

18 de dezembro de 2014

O filósofo vietnamita



Num dia cinzento e frio de inverno a cheirar a neve, estava a fumar um cigarro à porta do estabelecimento para onde eu ia a entrar: cabelo cor-de-laranja, rabo de cavalo, brincos (plural) em cada orelha, camisa de cores garridas às riscas, calças de ganga todas esburacadas abaixo do rabo, cuecas encarnadas à vista (para quê o cinto?), botas à militar. Pensei que fosse um sem-abrigo a abrir portas a troco de gorjetas.  Cumprimentei-o, agradeci-lhe segurar-me na porta e fui à minha vida. Ele continuou naquele frio a acabar o seu cigarro – ai vício, vício, a quanto obrigas. Nunca o tinha visto mais gordo.

Às tantas aparece ao meu lado, a tresandar a cinzeiro cheio de beatas de cigarros e começa a “filosofar”. Começou por me perguntar se eu já estava preparada para o Natal, se já tinha feito as compras todas e o que queria que o Pai Natal me trouxesse. Respondi que queria paz, muita paz…e saúde. ¡Dios mío! que fui eu dizer… Com  um sotaque um tanto difícil de se entender, falou sobre existencialismo; responsabilidade pessoal; do (verdadeiro) espirito natalício e do Thanksgiving; das aparências e do que verdadeiramente conta e vale a pena; da importância de ouvirmos sempre o nosso coração e de seguirmos sempre o nosso instinto; de crianças e cães; de luz, de escuridão; de água, ar e fogo; de bondade, de maldade, de gratidão; de generosidade, de compaixão e de egoismo; disse que não devemos julgar ninguém, que devemos abençoar mesmo aqueles para quem fazer mal aos outros parece ser um hobby preferido e que não nos devemos sentir culpados por afastar pessoas tóxicas das nossas vidas, incluindo a nossa própria mãe.  Depois sai-se com “preciosidades” destas:  Don’t let anyone convince you that you are not beautiful. You are beautiful. You are unique. You are special.” Sem nunca me ter visto, sem saber nada sobre mim.

Eu sei lá que mais ele disse…É que não se calava… Pensamento puxa pensamento, ora em prosa ora em verso. E eu ali, a ouvi-lo, mesmerizada, simultaneamente desejando que ele se calasse e com vontade de que continuasse. Mal pude abrir a boca. E eu que pensava que os meus pensamentos precisavam de rédeas…Apre!!!...

Ainda me custa a crer esta minha experiência desta manhã.

Where did you come from, young man? Who sent you my way? You were probably not born yet, but I could have used your wisdom thirty years ago. What an interesting human being you turned out to be behind that mask you wear. Those two other people who came in after, who were clearly uncomfortable with you and didn’t give you the time of day? It’s their loss. Stay well, buddy. Stay warm. Stay healthy. This world needs more like you. I will never forget you.

A piece of advice to anyone reading this:
Never judge a book by its cover. You’ll never know what you might be missing.