Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

4 de outubro de 2016

Mudam-se os tempos…

Mudam-se as vontades?

1-) O pobre trabalha e trabalha.
2-) O rico explora o pobre.
3-) O guerreiro protege ambos.
4-) O contribuinte sustenta os três.
5-) O vagabundo descansa pelos quatro.
6-) O bêbedo bebe pelos cinco.
7-) O banqueiro pilha os seis.
8-) O advogado burla os sete.
9-) O médico cobra os oito.
10-) O coveiro enterra os nove.
11-) O político vive feliz da vida às sopas dos dez.

Marcus Tullius Cicero, em 43 A.C.


A desprezível cultura bancária

O conservatismo e o elitismo entrincheirados na indústria bancária (sobretudo no sector dos grandes bancos de investimento) bloqueia candidatos que não se enquadram num determinado molde, ou "pedigree". Ou porque o desgraçado é possuidor de um determinado sotaque ou tom de pele que foge à norma; ou porque teve a audácia de se apresentar na entrevista com uma indumentária considerada imprópria para um cargo tão nobre; ou por ter tido o azar de nascer de perna curta (uma realidade, sobretudo, dos candidatos do sexo masculino de baixa estatura); ou porque é oriundo da Universidade Zeca Qualquer em vez de uma Universidade prestigiada ou pertencente ao agrupamento de Ivy League. Claro que, em princípio, a descriminação no local de trabalho e durante o processo de entrevista é ilegal, o problema reside quando este tipo de descriminação e racismo nem sempre é perceptível, quando se esconde por detrás de argumentos, em princípio, plausíveis.

Isto nota-se, sobretudo, nas áreas de “corporate finance” e de fusões e aquisições e acontece, maioritariamente, com jovens acabadinhos de sair da faculdade, ainda cheios de esperança e ingenuidade, ignorantes das regras do jogo e daquilo que os espera.

Por nem sempre serem julgados de acordo com as suas habilitações, habilidades e potencial, jovens brilhantes da classe média e baixa perdem oportunidades por desconhecerem certas regras arcanas desta cultura conservadora e hipercompetitiva.

Há mais luas do que quero admitir, eu fui uma dessas jovens de olhos brilhantes e coração repleto de esperança e sonhos. Depressa perdi a ilusão.  Aguentei-me durante muito tempo, armada em forte, sempre a procurar o positivo e tentando aprender lições valiosas com o negativo.  Aguentei-me, sobretudo, por razões económicas. Mas o dinheiro nem sempre é tudo, cheguei a um ponto e idade em que ou era a minha sanidade mental ou o “status quo”, dei vários suspiros bem fundos e larguei aquilo tudo.  Esta foi uma decisão que me roubou muitas noites de sono e que me custou financeiramente, mas o certo é que está agora a fazer um ano e ainda não me arrependi.


Perguntas e Respostas

Perguntas:
Por que é que amamos alguns animais, mas comemos outros?

E por que é que alguns entre nós não têm escrúpulos em consumir determinados animais que a maioria de nós considera animais de estimação?

Por que é que alguns consideram uma iguaria o que a maioria de nós considera vermes?

Respostas:
É tudo uma questão cultural. E é precisamente disso que nos temos de lembrar na próxima vez que decidirmos criticar outrém por comer outro ser vivo que nunca nos passaria pela cabeça comer.

É essencialmente uma questão de condicionamento desde a mais tenra idade.


Justiça à americana

Um jovem de 18 anos acordou às 2:30 da manhã com agentes de polícia a lhe darem um enxerto de porrada depois de arrombarem a porta da casa onde morava com a sua família e, sem mandato de captura, invadirem o quarto onde, descansadinho da vida, dormia. Como se isso não bastasse, ainda levou com uma arma tipo "taser" em cima do pêlo, e foi arrastado porta fora até ao carro da polícia rumo à esquadra.

Quando se descobriu que tudo não passava de um equivoco e que o jovem estava inocente de todos os crimes de que era acusado, o caso foi para tribunal. Passados três anos um juiz concordou que este jovem tinha sido acusado injustamente e decidiu "recompensá-lo" por todo o trauma sofrido com 18 dólares, mais uma factura de 1.500 dólares por serviços prestados.

Adivinhem de que raça era este jovem.
Depois admiram-se...