Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

30 de outubro de 2014

Na “mouche” (ou eu e os livros)



Hoje de manhã, enquanto esperava para ser atendida, peguei numa revista que havia lá na sala de espera e preenchi um questionário sobre como a minha personalidade afecta o tipo de livros que gosto de ler. Foi este o resultado:

The Judge
“ You are a person with a strong sense of right and wrong and a firm sense of self. You expect to see bad actions punished and good actions rewarded. Books that don't fulfill those expectations can dismay you, and books about people whose conduct violates your own moral code can get your back up—whether it's Flaubert's philandering Madame Bovary, Marlon James' brutal gang leaders in A Brief History of Seven Killings, or Piper Kerman's memoir of serving prison time for money laundering, Orange Is the New Black. Chances are that you have a penchant for nonfiction books that highlight effort, tenacity and achievement, and fiction that makes redemptive moral points. Dickens'  David Copperfield and Jeannette Walls' The Glass Castle will satisfy you with their stories of personal triumph over hardship, injustice and poor parenting. You may be fond of crime and detective novels, too—exulting when the baddies are brought to justice. “

Quando primeiro vi a palavra “judge” não fiquei lá muito contente, por a ter associado a "judgemental" (criticismo) "bossy" (mandona/autoritária) and "self-righteousness" (santimónia/hipocrisia). É verdade que há quem me apelide de “control freak” e de estar sempre a criticar (e até lhe dou uma certa razão, embora ache que o faço mais por necessidade do que por outra coisa, mas enfim…) agora hipócrita ou santimonial é que afirmo a pés juntos não ser…tudo menos isso…

Mas depois li a interpretação dos resultados e até acho que acertou em cheio. Realmente dou muita importância à justiça (não necessariamente à vingança que é como, por exemplo, encaro a pena de morte) mas saber que seres inocentes podem ser injustiçados é algo que mexe muito comigo e que não consigo ignorar. 

Portanto, a mania de andar sempre atrás da perfeição (que sei bem não existe) leva-me a querer controlar tudo (outro defeito); a aversão que eu tenho às injustiças leva-me a querer mudar o mundo (outra mania impossível). Temos frequentemente tendência para querer castigar os “maus da fita”, mas como acho que grande parte dos males por esse mundo fora se deve mais à ignorância do que à maldade, acho a educação preferível à vingança (seja por meio de uma segunda oportunidade, ou através de medidas preventivas). 

Dos livros recomendados só conheço David Copperfield que li quando tinha 10/11 anos e que, precisamente pelas razões mencionadas, mexeu muito comigo. Hoje em dia, os livros de ficção “leve” para os quais me sinto virada continuam a ser aqueles que lidam com crime e intriga (tipo David Baldacci ou Robin Cook) e/ou (in)justiça social, relações interpessoais e a condição humana (tipo The Chamber ou The Street Lawyer – ambos de John Grisham, o primeiro lida com a pena de morte e o segundo com os sem-abrigo que necessitam de representação jurídica e não têm posses para isso). Também apreciei muito Inês of My Soul de Isabel Allende (um romance histórico onde não falta intriga, dificuldades, tenacidade e conquista).  Dois livros que me ficaram durante dias na mente foram  Last Train to Alcatraz de Leon Thompson e Nineteen Minutes de Jodi Picoult. O primeiro é uma autobiografia  que comprei mesmo em Alcatraz, hoje um museu, está agora a fazer 27 anos; este livro não só me tirou, de uma vez por todas, o medo dos “presos”, como me abriu muito os olhos sobre a sociedade americana e o conceito de justiça/castigo vigente. Gostei do segundo por abordar o problema do “bulling”, dos tiroteios nas escolas e por demonstrar o quão depressa uma vida pode ficar virada do avesso – tudo isto abordado com uma enorme sensibilidade, sem acusações nem desculpas esfarrapadas, que é o que não falta sempre que estas coisas acontecem.  

Gosto, sobretudo, de livros que me fazem pensar e ajudam a encarar determinadas realidades com mais clareza. É isso mesmo: por não gostar de equívocos, a minha mente analítica leva-me a procurar esclarecimentos por todo o lado. Sempre que ouço, “It is what it is/Stop asking questions/Learn to accept things for what they are/You don’t need to know everything” cheira-me ou a ignorância (for falta de resposta) ou a alguém que quer esconder algo e prefere atirar-me areia aos olhos. Desde criança que encaro os livros como um escape e é neles que procuro muitas das respostas às perguntas e pensamentos que tanto reboliço fazem na minha pobre cabeça. 

Daí o título deste texto.  Dispenso livros com detalhes sórdidos em demasia (estou-me agora a  lembrar de Dan Koontz ou de certas cenas nos livros de Stephen King – embora, deste último, tenha gostado muito de The Green Mile –)  e realmente sinto-me mais virada para “(…) books that highlight effort, tenacity and achievement, and (…) make redemptive moral points” do queromancezecos  ao estilo de Danielle Steel, Sidney Sheldon, ou com um jovem Fabio Lanzoni na capa – para esses “floreados”é que não tenho mesmo paciência!  

22 de outubro de 2014

Ella Fitzgerald & Louis Armstrong: 54 minutos de pura calma e serenidade

"Ella Fitzgerald's voice was satin to Louis Armstrong's sandpaper, but when you put them together on a single song, their chemistry was unimpeachable" diz o crítico Douglas Wolk  -  Eu não sei dizer melhor...

19 de outubro de 2014

And So It Goes by Billy Joel

Disse demais.
Só tu é que sabes.

Oh, if only the choice were mine to make...

Porque as outras pessoas não nos podem magoar



A maioria de nós assume que a nossa dor é o resultado de algo que alguém nos diz (ou deixa de dizer) ou que nos faz (ou deixa de fazer).  Isto não é verdade. 

Os outros não nos podem magoar, o que as outras pessoas se limitam a fazer é activar uma série de emoções/receios já presentes em nós, i.e., limitam-se a “carregar em certos botões” que todos trazemos dentro de nós ligados à dor. Refiro-me à dor do abandono, à dor da traição, à dor de sermos abusados, injustiçados, ou julgados…à dor da baixa auto-estima e depois convencermo-nos que a razão porque somos rejeitados é porque não prestamos para nada. É isto que as crianças sentem quando não são escolhidas no recreio pelos colegas para um jogo de grupo; é isto que os mais velhos podem sentir quando uma vaga muito cobiçada é preenchida por um outro trabalhador; e é isto também que muitos sentem quando o objecto das suas afeições prefere outra pessoa para uma relação íntima. Sermos rejeitados por pessoas que consideramos importantes para nós é uma dor deveras insuportável, precisamente porque aquele sentimento de “it’s because she’s better than me” vai direitinho ao botão da auto-estima. 

Mas isto é um erro, pois a pessoa que nos rejeitou não tem culpa nenhuma que tenhamos uma opinião tão baixa de nós próprios. Porque por muita tendência que tenhamos em sentir que a causa da nossa dor reside com a outra pessoa, o certo é que nós é que deixámos que nos “carregassem” nos tais botões.  Portanto, só nós é que podemos causar dano emocional a nós próprios. Nem ex-parceiros, nem amigos, nem conhecidos têm essa capacidade. A ilusão de que quem nos magoa são os outros é uma ilusão baseada nos nossos medos. E até encararmos esses medos e inseguranças de frente nunca deixaremos de sofrer e sentir ressentidos com as acções dos outros.

Demorou mas acho que, finalmente, entendi! Infelizmente (e como sempre) só após sofrer (ainda mais) um desgosto. Pena que tenha de ser sempre assim…

17 de outubro de 2014

True love vs attachment



Attachment =I love you, therefore I want you to make me happy.” This is looking for happiness, well-being, companionship and fulfillment outside ourselves. It is this grasping that causes pain. It is a trap that most of us fall into at least once in a lifetime and for some is a never-ending cycle of suffering.  And whose fault is that? Pinning our happiness on that other person is unjust to them and a bad omen for any relationship. Some people become suicidal when their relationship comes to an end, some suffer from severe bouts of depression, others begin stalking their exes and yet others go into a drunken stupor or isolate themselves from society. What these people feel is not true love, what they feel is a desperate need to be needed and validated by someone else. People who seek happiness outside themselves will never be happy.

True Love =I love you, therefore I want you to be happy; great if it includes me, otherwise just be happy.” Because: unless we really like that other person for the human being that he/she is, unless we care enough about that other person to want for him the very best (regardless of whether or not he wants to share his life with us), unless we are willing to let him go (no resentments or strings attached)… it’s going to be a very difficult relationship.  
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In conclusion: we are attached to someone when we are afraid to lose them to someone else; we truly love someone when he rejects us and yet we are willing to set him free and sincerely wish him well – that’s not being a dope, that’s a sign of character and strength. 


Although I understand the concept and strive to live it, I’m not quite there yet. Some days are better than others, but I am not that evolved to be as consistent as I would have liked. I suppose this is what being human is all about: awareness and baby steps. For now, being passed over still hurts like hell!