Um estudo recente do Center for Economic and Policy Research
sobre as leis laborais de 21 Estados membros
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)
revela o seguinte:
1-) Os EUA são a única economia avançada onde a
entidade patronal não é obrigada a
oferecer dias de descanso (férias e feriados) aos trabalhadores.
2-) Cabe a cada
empresa decidir se oferece (ou não) licenças
com vencimento aos seus trabalhadores; por esta razão, quase ¼ dos
trabalhadores americanos não recebe nem
feriados nem férias remuneradas.
3-) Esta falta de
férias remuneradas é particularmente acentuada nos trabalhadores com baixos
salários, nos que trabalham a tempo parcial e nos funcionários de pequenas e
médias empresas: enquanto que 90 % dos
trabalhadores com salários altos tem
direito a férias pagas, apenas 49 % dos
trabalhadores que recebem salários
baixos usufre do mesmo direito; 91% dos que trabalham a tempo inteiro tem
direito a férias pagas, mas só 35% dos
que trabalham a tempo parcial tem esse direito; e só 69% daqueles que trabalham
para pequenas e médias empresas recebe
férias pagas, mas esse número já sobe para 86% quando se trata de uma empresa
de grande dimensão como, por exemplo, uma multinacional.
4-) O fosso entre
o que se passa nos Estados Unidos e no resto do mundo é ainda maior quando os
feriados pagos são incluídos: a lei laboral dos EUA não garante nenhum feriado pago, mas nos
países mais ricos os trabalhadores recebem entre 5 a 13 feriados por ano, para além dos dias de férias a que já têm
direito.
5-) Mesmo assim,
só em 2012 os americanos não gozaram de cerca de meio bilhão de dias de férias
a que tinham direito; e os motivos são vários: desde as preocupações do
dia-a-dia (e um calendário demasiado cheio a contribuir para o esquecimento), a
dificuldades financeiras e … à insegurança
no trabalho – o medo é um óptimo meio de controlar meio mundo!
6-) Mesmo quando
tiram os seus míseros dias de férias, cerca de dois terços dos norte-americanos
queixa-se de estar amarrado ao escritório – mesmo encontrando-se fisicamente longe.
Para muitos, porém,
estes dados são um motivo de orgulho:
- Porque se deve viver para o trabalho;
- Porque trabalhar mais de 40 horas por
semana e não tirar todos os dias de folga
que a empresa tem a “gentileza” de oferecer é motivo de orgulho e prova de ser
bom trabalhador;
- Porque quem não almoce sentado à sua
secretária e defronte do seu computador (ou quem tenha o desaforo de tirar mais
de uma semana de férias de uma só vez) é preguiçoso e, por conseguinte, dispensável;
- Porque só sendo “workaholic” se é fiel e dedicado à
empresa;
- Porque as férias são um luxo e não um
direito humano;
- E porque estas são apenas algumas das muitas
razões que fazem dos EUA o melhor país do Mundo – God Bless America!
Eu, por outro lado,
faço eco às palavras de Alan Grayson (D), congressista da Florida:
"Esta é uma
questão de justiça e igualdade para todos os americanos. Ė claro que alguns
norte-americanos têm as suas férias pagas, mas um número cada vez maior não tem
e isto num momento em que a classe média trabalha mais do que nunca. Exigir que as empresas paguem férias aos
trabalhadores vai permitir que estes passem mais tempo com suas famílias, vai
melhorar a sua saúde física e mental, e, finalmente, vai torná-los em trabalhadores mais produtivos."
Até porque um
relatório do Bureau of Labor Statistics indica que o típico trabalhador
americano trabalha hoje mais 160 horas do que trabalhava em 1976 e todos
sabemos que o stress a longo prazo é nocivo para a saúde o que, por sua vez,
contribui para o absenteísmo e para a perda de produtividade. O resultado é um custo para as empresas de cerca
de US $ 344B por ano. Patrões têm de perceber que as férias são boas não só
para os seus empregados como também para a empresa; um funcionário descansado é
um funcionário mais produtivo.
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