“Dormimos na vida.
Nunca amamos alguém.
Amamos somente a ideia que fazemos de
alguém (…)
Brincamos a existir (…)
O cadáver dá-me a impressão de um traje que se deixou.
Tudo quanto tenho sido, é uma espécie de engano e loucura.
A vida é o que fazemos dela.
O que vemos não é o que vemos senão o que somos.”
Bernardo Soares (o cansado e sonolento
Fernando Pessoa)
em: O Livro do Desassossego
Extractos de um livro que levou 20 anos a escrever. Um livro
sem nexo aparente mas mais profundo do que muitos textos com princípio,
meio e fim. Um livro em que cada leitor traça o seu próprio
mapa, constantemente tropeçando em frases que o transportam a sítios até aí tão perto… mas
inacessíveis. Um livro que abre os olhos de quem o lê, que faz
pensar.
Um autêntico emaranhado de sentimentos e reflexões;
um labirinto sobre a alma humana que nunca chegou a ser completado, mas que tão
profundamente mexe com a alma de quem o lê. Inacabado, porém longe
de imperfeito – tal qual as belas capelas do Mosteiro da Batalha.
Uma amálgama de mensagens intemporais.
Uma verdadeira pérola da literatura portuguesa.
Obrigada amigo por me acordares para a obra deste senhor:
“Nunca amamos alguém. Amamos somente a ideia que
fazemos de alguém.”
Obrigada por isto. 💔
Nota pessoal:
Tu também tens um dom para a escrita que, como estás
farto de me ouvir opinar, acho que devias aproveitar. Esses textos que dizes
teres espalhados por diversos cadernos e computadores (e que, a teu ver, não
interessam a ninguém) fazem-me lembrar o espólio riquíssimo
na forma de folhas soltas de papel deixados por Pessoa, e encontradas há
certa de duas décadas dentro de um baú.
Ao contrário de tanto narcisista famoso sem talento e
pseudo-intelectual por aí fora, a humildade inata dos grandes génios
não
lhes permite reconhecer a verdadeira extensão das suas capacidades.
Um dia, eu teria o enorme prazer em ajudar-te a organizar e/ou a editar
(para consumo público ou, se preferires, privado) todos esses teus rabiscos inéditos
e pensamentos avulsos.
Entendo que te falta o justo reconhecimento do teu mérito
enquanto escritor e, como tal, acho uma verdadeira pena não
te aperceberes da dádiva (legado) que poderias deixar à humanidade.
Estamos conversados.
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