Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

7 de agosto de 2017

Inteligência emocional



Muitas das amarguras que nos roem a alma não são devido a raciocínio errado, falácias, ou à pouca deliberação. Devem-se, antes, a actos impulsivos cometidos em momentos em que não conseguimos gerir emoções negativas fortes e, como tal, são erros evitáveis. Devem-se a uma fraca inteligência emocional. Mas isso tem cura.

Para alguns de nós é difícil lidar com emoções como a ansiedade, o constrangimento e o medo. O resultado é rotineiramente procrastinar em tarefas que provocam ansiedade e/ou falta de confiança, reagir de forma defensiva quando incomodados pela crítica, e ter uma dificuldade enorme em expressar a nossa opinião quando esta vai contra a dos nossos superiores.

Os nossos sucessos e fracassos dependem muito da nossa capacidade de reconhecer e controlar as nossas emoções. Esta habilidade é essencial para criar não só uma maior intimidade com os nossos entes queridos como, também, para nos fazermos ouvidos no local de trabalho – aumentando, assim, a nossa capacidade de transformar idéias em resultados.

De modo a controlar as emoções em momentos tensos (e, assim, fortalecer este músculo localizado no cerne da nossa anatomia emocional) é necessário, antes de mais, reconhecer a emoção negativa e aceitá-la como nossa. A raiva, o medo, a vergonha, a baixa auto-estima (seja lá o que for) são emoções nossas, não de quem nos fez sentir dessa maneira. A culpa não é de ninguém. Nós todos somos responsáveis pelas palavras que nos saem da boca para fora, mas não somos responsáveis pela maneira como os outros as interpretam. Também temos que nos lembrar que podemos não poder controlar muitas das merdices com que nos deparamos ao longo da vida, mas podemos controlar a maneira como reagimos a todas estas displicências e dificuldades. O script mental deve ser, "Isto é sobre mim, não é sobre isso ou fulano/beltrano/sicrano". Enquanto acreditarmos que um evento externo foi o culpado pela nossa emoção negativa, estamos condenados a sentirmo-nos vítimas e a passar a maior parte da nossa existência sentindo-nos miseráveis. Porém, aqui não há causa e efeito.

De seguida temos de refletir de como conspirámos com o evento inicial para criar a emoção presente. Isto porque as emoções são o resultado directo do que aconteceu e das confabulações com que enchemos as nossas cabeças sobre o que aconteceu. Será esta uma história de vítima - uma que realça as minhas virtudes enquanto me absolve de responsabilidade pelo que aconteceu? Ou será uma história de patife - uma que exagera os defeitos dos outros e atribui o que está acontecendo à pura maldade?  Ou, ainda, será esta uma história de impotente - uma que me convence de que tudo quanto eu possa fazer (como ouvir humildemente, falar honestamente) é uma perda de tempo? Para quê tentar? Para quê o esforço? Quando pensamos assim corremos o risco de pensar apenas nas razões pelas quais a outra pessoa está errada, enquecendo-nos de como até podem ter alguma razão. Isto é um erro. A maior parte das pessoas têm histórias repetitivas que contam a si mesmas em circunstâncias previsíveis. As primeiras experiências de vida que percebemos na época como ameaças à nossa segurança e auto-estima tornam-se entranhadas nas nossas memórias de elefante e, de tanto as regurgitarmos, passam de lendas a realidade. Temos que ter consciência da origem das histórias que contamos a nós próprios e aprender a desafiar a percepção de que a nossa segurança e valor enquanto seres humanos estão em risco nestes momentos de alta tensão. Temos que aprender a distinguir realidade de ficção. 
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