Muitas das amarguras que nos
roem a alma não são devido a raciocínio errado, falácias, ou à pouca deliberação. Devem-se, antes, a
actos impulsivos cometidos em momentos em que não conseguimos gerir emoções
negativas fortes e, como tal, são erros evitáveis. Devem-se a uma fraca inteligência
emocional. Mas isso tem cura.
Para alguns de nós é difícil lidar com emoções como a ansiedade, o
constrangimento e o medo. O resultado é rotineiramente procrastinar em tarefas
que provocam ansiedade e/ou falta de confiança, reagir de forma defensiva
quando incomodados pela crítica, e ter uma dificuldade enorme em expressar a
nossa opinião quando esta vai contra a dos nossos superiores.
Os nossos sucessos e fracassos dependem muito da nossa capacidade de
reconhecer e controlar as nossas emoções. Esta habilidade é essencial para
criar não
só
uma maior intimidade com os nossos entes queridos como, também,
para nos fazermos ouvidos no local de trabalho – aumentando, assim, a nossa
capacidade de transformar idéias em resultados.
De modo a controlar as
emoções em momentos tensos (e, assim, fortalecer este músculo localizado
no cerne da nossa anatomia emocional) é necessário, antes de mais, reconhecer a emoção
negativa e aceitá-la como nossa. A raiva, o medo, a vergonha, a baixa auto-estima (seja lá o que for) são emoções nossas, não de quem nos fez sentir dessa maneira. A culpa não é de ninguém. Nós todos somos responsáveis pelas palavras que nos saem da boca
para fora, mas não somos responsáveis pela maneira como os outros as interpretam. Também temos que nos lembrar que podemos não poder controlar muitas das merdices com
que nos deparamos ao longo da vida, mas podemos controlar a maneira como
reagimos a todas estas displicências e dificuldades. O script mental deve ser, "Isto é sobre mim,
não é sobre isso ou fulano/beltrano/sicrano". Enquanto acreditarmos que um evento externo foi o culpado pela
nossa emoção negativa, estamos condenados a sentirmo-nos vítimas e a passar a
maior parte da nossa existência sentindo-nos miseráveis. Porém, aqui não há causa e efeito.
De seguida temos de refletir de como conspirámos com o evento inicial para
criar a emoção presente. Isto porque as emoções são o resultado directo do que
aconteceu e das confabulações com que enchemos as nossas cabeças sobre o que
aconteceu. Será esta uma história de
vítima - uma que realça as minhas virtudes enquanto me absolve de
responsabilidade pelo que aconteceu? Ou será uma história de patife
- uma que exagera os defeitos dos outros e atribui o que está acontecendo à
pura maldade? Ou, ainda, será esta uma
história de impotente - uma que me convence de que tudo quanto eu possa fazer
(como ouvir humildemente, falar honestamente) é uma perda de tempo? Para quê
tentar? Para quê o esforço? Quando pensamos assim corremos o risco
de pensar apenas nas razões pelas quais a outra pessoa está errada, enquecendo-nos
de como até podem ter alguma razão. Isto é um erro. A maior parte das pessoas têm
histórias repetitivas que contam a si mesmas em circunstâncias previsíveis. As
primeiras experiências de vida que percebemos na época como ameaças à nossa
segurança e auto-estima tornam-se entranhadas nas nossas memórias de elefante
e, de tanto as regurgitarmos, passam de lendas a realidade. Temos que ter
consciência da origem das histórias que contamos a nós próprios
e aprender a desafiar a percepção de que a nossa segurança e valor enquanto
seres humanos estão em risco nestes momentos de alta tensão. Temos que aprender a
distinguir realidade de ficção.
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