Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

2 de outubro de 2014

Quando julgamos os outros



Frequentemente, quando alguém faz (ou diz) algo que não nos cai bem, temos a tendência para julgar a pessoa como “um todo”, não apenas o comportamento de que não gostámos.  Por vezes até chegamos ao ponto de rejeitar completamente essa pessoa, descartando-a das nossas vidas como se para nada prestasse. Isto é um erro.

O ser humano é uma criatura demasiado complexa e ninguém é 100% perfeito 100% do tempo. Ninguém é 100% bonzinho e ninguém é 100% canalhinha.  Para além do mais, podemos não conhecer o “historial” (ou antecedentes) dessa pessoa, o que a levou a reagir de determinada maneira. Podemos avaliar o comportamento porque este é visível e, por conseguinte, credível; mas não temos capacidade para formar juízo àcerca de ninguém porque a essência dessa pessoa está escondida por detrás desse comportamento.  E no grande esquema das coisas, o comportamento não significa muito. Comportamentos e julgamentos dependem das crenças, ideologias, normas sociais, percepções e conceitos de cada um de nós; por outras palavras, comportamentos são subjetivos.

É importante lembrar que aquilo a que assistimos e de que não gostámos não representa a pessoa que decidimos rejeitar, mas um mero acto/acção: um “snapshot” – captura instantânea de um momento que decidimos recordar para toda a eternidade como qualquer máquina fotográfica.  E quando nos concentramos num “flash” momentâneo em vez de vermos, com olhos de ver, o “retrato” inteiro, todos os contextos são perdidos. Ė como se lêssemos a página de um livro e depois opinássemos sobre a qualidade do mesmo. 

Sentimo-nos autênticos Calimeros incompreendidos quando os outros nos julgam pelo nosso comportamento e nós julgamos-nos pelo nosso “Ser”, por aquilo que sabemos que realmente somos e valemos. Nós sabemos que os nossos actos não nos definem e é por isso que quando o fazemos aos outros corremos o risco de os subestimar e, quem sabe, perder a oportunidade de uma vida.

E é por todas estas razões que sempre que formamos juízo àcerca de alguém a perda pode ser nossa.

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