A maioria de nós assume que a nossa dor é o resultado de
algo que alguém nos diz (ou deixa de dizer) ou que nos faz (ou deixa de
fazer). Isto não é verdade.
Os outros não nos podem magoar, o que as outras pessoas se
limitam a fazer é activar uma série de emoções/receios já presentes em nós,
i.e., limitam-se a “carregar em certos botões” que todos trazemos dentro de nós
ligados à dor. Refiro-me à dor do abandono, à dor da traição, à dor de sermos
abusados, injustiçados, ou julgados…à dor da baixa auto-estima e depois convencermo-nos
que a razão porque somos rejeitados é porque não prestamos para nada. É isto
que as crianças sentem quando não são escolhidas no recreio pelos colegas para
um jogo de grupo; é isto que os mais velhos podem sentir quando uma vaga muito
cobiçada é preenchida por um outro trabalhador; e é isto também que muitos
sentem quando o objecto das suas afeições prefere outra pessoa para uma relação
íntima. Sermos rejeitados por pessoas que consideramos importantes para nós é
uma dor deveras insuportável, precisamente porque aquele sentimento de “it’s because she’s better than me” vai
direitinho ao botão da auto-estima.
Mas isto é um erro, pois a pessoa que nos rejeitou não tem
culpa nenhuma que tenhamos uma opinião tão baixa de nós próprios. Porque por
muita tendência que tenhamos em sentir que a causa da nossa dor reside com a
outra pessoa, o certo é que nós é que deixámos que nos “carregassem” nos tais
botões. Portanto, só nós é que podemos
causar dano emocional a nós próprios. Nem ex-parceiros, nem amigos, nem
conhecidos têm essa capacidade. A ilusão de que quem nos magoa são os outros é
uma ilusão baseada nos nossos medos. E até
encararmos esses medos e inseguranças de frente nunca deixaremos de sofrer e
sentir ressentidos com as acções dos outros.
Demorou mas acho que, finalmente, entendi! Infelizmente (e
como sempre) só após sofrer (ainda mais) um desgosto. Pena que tenha de ser
sempre assim…
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