Hoje de manhã, enquanto esperava para ser atendida, peguei
numa revista que havia lá na sala de espera e preenchi um questionário sobre como a minha personalidade afecta o tipo de livros que gosto de ler. Foi este o
resultado:
The Judge
“ You are a person with a strong sense of
right and wrong and a firm sense of self. You expect to see bad actions
punished and good actions rewarded. Books that don't fulfill those expectations
can dismay you, and books about people whose conduct violates your own moral
code can get your back up—whether it's Flaubert's philandering Madame Bovary, Marlon James' brutal gang leaders in A Brief History of Seven Killings,
or Piper Kerman's memoir of serving prison time for money laundering, Orange Is the New Black. Chances are that you have a
penchant for nonfiction books that highlight effort, tenacity and achievement,
and fiction that makes redemptive moral points. Dickens' David Copperfield and Jeannette Walls' The Glass Castle will
satisfy you with their stories of personal triumph over hardship, injustice and
poor parenting. You may be fond of crime and detective novels, too—exulting
when the baddies are brought to justice. “
Quando primeiro vi a palavra “judge” não fiquei lá muito contente, por
a ter associado a "judgemental" (criticismo) "bossy"
(mandona/autoritária) and "self-righteousness" (santimónia/hipocrisia).
É verdade que há quem me apelide de “control freak” e de estar sempre a
criticar (e até lhe dou uma certa razão, embora ache que o faço mais por
necessidade do que por outra coisa, mas enfim…) agora hipócrita ou santimonial
é que afirmo a pés juntos não ser…tudo menos isso…
Mas depois li a interpretação dos resultados e até acho que acertou em
cheio. Realmente dou muita importância à justiça (não necessariamente à vingança que é como, por
exemplo, encaro a pena de morte) mas saber que seres inocentes podem ser
injustiçados é algo que mexe muito comigo e que não consigo ignorar.
Portanto,
a mania de andar sempre atrás da perfeição (que sei bem não existe) leva-me a
querer controlar tudo (outro defeito); a aversão que eu tenho às injustiças
leva-me a querer mudar o mundo (outra mania impossível). Temos frequentemente tendência
para querer castigar os “maus da fita”, mas como acho que grande parte dos
males por esse mundo fora se deve mais à ignorância do que à maldade, acho a
educação preferível à vingança (seja por meio de uma segunda oportunidade, ou
através de medidas preventivas).
Dos
livros recomendados só conheço David
Copperfield que li quando tinha 10/11 anos e que, precisamente pelas razões
mencionadas, mexeu muito comigo. Hoje em dia, os livros de ficção “leve” para
os quais me sinto virada continuam a ser aqueles que lidam com crime e intriga
(tipo David Baldacci ou Robin Cook) e/ou (in)justiça social,
relações interpessoais e a condição humana (tipo The Chamber ou The Street
Lawyer – ambos de John Grisham, o
primeiro lida com a pena de morte e o segundo com os sem-abrigo que necessitam
de representação jurídica e não têm posses para isso). Também
apreciei muito Inês of My Soul de Isabel
Allende (um romance histórico onde não falta intriga, dificuldades, tenacidade
e conquista). Dois livros que me ficaram durante dias na
mente foram Last Train to Alcatraz de Leon Thompson e Nineteen Minutes de Jodi Picoult. O
primeiro é uma autobiografia que comprei
mesmo em Alcatraz, hoje um museu, está agora a fazer 27 anos; este livro não só
me tirou, de uma vez por todas, o medo dos “presos”, como me abriu muito os
olhos sobre a sociedade americana e o conceito de justiça/castigo vigente.
Gostei do segundo por abordar o problema do “bulling”, dos tiroteios nas
escolas e por demonstrar o quão depressa uma vida pode ficar virada do avesso –
tudo isto abordado com uma enorme sensibilidade, sem acusações nem desculpas
esfarrapadas, que é o que não falta sempre que estas coisas acontecem.
Gosto,
sobretudo, de livros que me fazem pensar e ajudam a encarar determinadas realidades
com mais clareza. É isso mesmo: por não gostar de equívocos, a minha mente
analítica leva-me a procurar esclarecimentos por todo o lado. Sempre que ouço,
“It is what it is/Stop asking questions/Learn to accept things for what they are/You
don’t need to know everything” cheira-me ou a ignorância (for falta de
resposta) ou a alguém que quer esconder algo e prefere atirar-me areia aos
olhos. Desde criança que encaro os livros como um escape e é neles que procuro
muitas das respostas às perguntas e pensamentos que tanto reboliço fazem na
minha pobre cabeça.
Daí o título deste
texto. Dispenso livros com detalhes sórdidos em
demasia (estou-me agora a lembrar de Dan
Koontz ou de certas cenas nos livros de Stephen King – embora, deste último,
tenha gostado muito de The Green Mile
–) e realmente sinto-me mais virada para “(…) books that highlight effort, tenacity
and achievement, and (…) make redemptive moral points” do que “romancezecos” ao estilo de Danielle
Steel, Sidney Sheldon, ou com um jovem Fabio Lanzoni na capa – para esses
“floreados”é que não tenho mesmo paciência!