Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

22 de julho de 2015

Porque a introversão não é um obstáculo a superar, mas sim uma característica a cultivar:



We as a society have an implicit bias toward extroverts -- those who talk the most get the most attention, even though there's no link between how much we talk and the quality of our insights. And that means we too often dismiss introverts and their ideas; that is, we leave out at least a third of the population, and that's costly to everybody, not just introverts.” - Susan Cain in “Quiet:The Power of Introverts in a World That Can't Stop Talking

De acordo com Susan Cain, os conceitos expostos neste livro provocaram um movimento e, para ajudar a galvanizar este movimento, Cain decidiu criar Quiet Revolution, uma empresa dedicada a "libertar o poder dos introvertidos para o benefício de todos nós.” 

O Objectivo de Quiet Revolution é o de convidar um vasto mar de vozes inaudíveis a participar na conversa. Através de um conjunto incrível de ferramentas e programas, Quiet Revolution certifica-se que todos os introvertidos têm oportunidade de ser ouvidos e que conseguem alcançar o seu potencial de modo a beneficiar a todos – inclusive os extrovertidos.

Eu sou, por natureza, uma pessoa introvertida. Durante muitos anos, convencida que era defeito, fiz por escondê-lo e tentei tornar-me em algo que não sou. Mas hoje em dia já não quero saber. Ser introvertido não quer dizer que não se tenha ideias, ou que se seja tímido, "atado", ou “bicho do buraco” – tudo rótulos que no passado ouvi, que me magoaram, que me envergonharam, mas que hoje já não me afectam por saber que não são verdade e que eu não tenho o dever de provar nada a ninguém; a minha única obrigação nesta vida é a de me tornar no melhor ser humano com aquilo que tenho, não é imitar ninguém nem fantasiar com o que me falta (e nunca terei) como, por exemplo: o coração e paciência da Madre Teresa de Calcutá, a coragem de Nelson Mandela, a inteligência de Albert Einstein, o corpinho bem feito e carinha laroca de Halle Berry …ou a porrada de dinheiro destes dois estuporzinhos.

Quem pensa que ser introvertido é característica de fracos que se desengane. Lá porque algo é repetido até à nausea não quer dizer que seja verdade; a sabedoria convencional, por vezes, deixa muito a desejar. Não gosto de catalogar os seres humanos com rótulos como se de mercadoria se tratasse, mas, se alguém me pedisse para definir um introvertido responderia, mais ou menos, nestes termos: 

Somos pensativos, profundos, reservados (mas não, necessariamente, tímidos) atenciosos, respeitadores, observadores e analíticos. Somos mais felizes trabalhando nos bastidores do que sendo o centro das atenções. Preferimos grupos pequenos a multidões, o silêncio à barulheira e, enquanto muitos vêem a solidão como “uma coisa muito triste” e a evitar a todo o custo, é em paz e sossego que esta introvertida recarrega as suas baterias. Não tenho problema absolutamente nenhum em passar horas (ou mesmo dias) a fio na companhia dos meus pensamentos e encerrada nas minhas quatro paredes. Estou farta de dizer a certos “bem intencionados” que não há pior solidão do que aquela que sentimos enquanto rodeados de outros que pouco ou nada nos dizem.

Em Introvert Power, Laurie Helgoe escreve o seguinte: "Where introverts can face a natural disadvantage, as their flashier, more socially agile peers command more attention, introverts, by not being so heavily influenced by what everyone else is doing, can be more open to novel solutions" – Amém a esta afirmação. Falando de um ponto de vista estreitamente pessoal, posso dizer que não sou uma pessoa facilmente influenciável, ou alguém que lê livros, ou que vê filmes ou programas de televisão só por estarem na "moda". E a propósito de moda: a minha indumentária de escolha (fora do meio conservador em que trabalho) é o que me agrada aos olhos e me faz sentir confortável. Não sigo os conselhos de ninguém no que diz respeito ao que se usa agora ou já deixou de usar. 

Existe, actualmente, uma abundância de pesquisas recentes que demonstram a importância de garantir que as opiniões dos introvertidos são para ser ouvidas, e é cada vez maior o número de empresas onde o dia de trabalho é começado com um período de silêncio  - é assim que Jeff Bezos, fundador da Amazon, inicia todas as reuniões de trabalho.

Felizmente, à medida que estes (e outros) resultados são divulgados, os equívocos quanto aos introvertidos vão-se esclarecendo e as mentalidades, aos poucos, mudando.
http://introvertspring.com/?cat=15

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