Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

24 de julho de 2015

Não é OK que os seus funcionários não tenham dinheiro para comer



Num passado ainda não muito distante, defender os interesses dos trabalhadores era uma das principais funções dos departamentos de recursos humanos. Aos poucos (direi desde meados dos anos 80, princípio dos anos 90) isto tem vindo a mudar. Nestes últimos trinta anos, a principal função do gerente de RH deixou de ser a de garantir que os melhores talentos não só sejam contratados como, também (e talvez ainda mais importante) retidos, para passar a ser o de “porta voz” do conselho de administração, cujo principal foco é o de aumentar os lucros trimestrais e cheques de dividendos em detrimento de metas e crescimento a longo prazo. Hoje em dia os trabalhadores deixaram de ser uma das partes interessadas no negócio (juntamente com clientes, acionistas e a comunidade onde a empresa está inserida) para passarem a ser um “afterthought”, frequentemente vistos como um “mal necessário.” É raro o Departamento de Administração das grandes empresas de hoje que se preocupa com o bem-estar e segurança dos trabalhadores; os únicos que importam agora são os acionistas. 

A maioria das empresas deixou de oferecer pensões, os seguros de saúde são cada vez mais caros (e cada vez cobrem menos) e nunca se trabalhou tanto por menos. As pessoas resignam-se ao “it is what it is/deal with it/don’t like it leave” e enquanto virem as suas parcas poupanças renderem alguma coisa na carneirada da Bolsa não se revoltam e continuam na ilusão do “better days will come.”  

O resultado de tudo isto é a falta de lealdade, uma verdadeira porta giratória de trabalhadores que (por não se sentirem valorizados e por estarem desiludidos com promesas falsas) decidem partir em busca de pastos mais verdes. Entretanto agatanham-se uns aos outros, criam maus ambientes e enfrentam relações difíceis com os nervos em franja. O resultado é um número obsceno de pessoas a sofrer e a lidar com tudo isto da melhor maneira que sabem: medicando-se. Uma cambada de marionetas, sonâmbulos sobrevivendo à custa de cafeína e anti-depressivos. Tudo em nome do progresso. Tudo em nome do crescimento económico – de modo a podermos comprar mais merda que não precisamos. 
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