Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

5 de dezembro de 2014

“Negative Nellies” e o medo da solidão



Pessoas e relações tóxicas vêm em todos os tipos de embalagens e tamanhos mas, para o propósito deste texto, vou-me debruçar apenas sobre as “negative nellies“. Todos nós as conhecemos: são aquelas pessoas com que nos cruzamos ao longo da vida, para quem carpir sobre tudo e sobre nada é um desporto favorito. Fazem-no não porque procuram solução para os seus problemas, mas porque se sentem melhor se nos atrairem para o mesmo poço escuro em que se encontram (não é por acaso que se costuma dizer, “misery loves company”). 

Há quem diga que afastarmos este tipo de pessoa das nossas vidas é um acto de egoismo porque temos de ser uns pelos outros, porque devemos ter compaixão, porque a piedade é sinal de que nos importamos e de que somos bons cristãos; a tudo isto, eu digo “yada-yada-yada” – como também diria a namorada de George Costanza.

Sim, é verdade que devemos ser uns pelos outros e que devemos estar sempre dispostos a ajudar seja quem for. Mas mais importante ainda é que a outra pessoa queira ser ajudada e, sobretudo, que esteja disposta a se ajudar a si própria. Caso contrário não passam de uma nuvem negra pairando sobre nós a nos roubar o sol das nossas vidas. E é aí que se tornam tóxicas. E é por isso que devem ser afastadas – sejam amigos, conhecidos, colegas...ou família. São poucas as ocasiões em que devemos ser egoistas mas esta, a meu ver, é uma delas.  

Mas isto pode ser extremamente difícil, sobretudo para quem tem pais tóxicos e não os pode cortar completamente da sua vida, para quem tem colegas tóxicos com quem tem de lidar diariamente e é um autêntico pesadelo para quem é forçado a viver com pessoas assim (sobretudo as crianças e quem se vê numa relação tipo beco sem saída). 

A meu ver, é mais difícil lidar com colegas, pais, e conjugues tóxicos do que com amigos, amantes  e conhecidos tóxicos; podemos sempre nos afastar destes, fazendo-lhes ver que estaremos sempre dispostos a ajudar sempre que precisarem de nós desde que eles estejam dispostos a receber essa ajuda e a tomar medidas construtivas para se ajudarem a si próprios. A decisão então é deles e nós afastamo-nos sem sentimentos de culpa e com a consciência tranquila.

Para evitar problemas no futuro, é importante escolher bem as pessoas com que decidimos partilhar a vida adulta; infelizmente, muitas vezes acabamos por optar pelo familiar, mesmo reconhecendo que aquela não é a melhor pessoa/relação para nós. Então, em vez de escolher o que poderia ser, potencionalmente, mais gratificante, optamos pelo "tried-and-true", por aquilo que entendemos ser seguro. Isto é um erro, e é esta a razão porque muitas mulheres que cresceram sob o dominio de pais abusivos acabam por escolher para parceiros homens igualmente abusivos - só para dar um exemplo. Depois admiram-se quando os cenários se repetem com protagonistas diferentes ou, pior ainda, quando se convencem que o "defeito" é delas e que é por isso que merecem ser criticadas, humilhadas, abusadas e castigadas.

E é por tudo isto que eu hoje acho tão importante rodearmo-nos de pessoas que nos fazem sentir bem e que nos inspiram a evoluir como seres humanos; não tornando-nos em algo que não somos, mas numa versão melhor daquilo que já somos.  E é por tudo isto que eu hoje acredito que mais vale só do que mal acompanhado...e talvez seja por tudo isto que deixei de ter medo da solidão. 

A realidade, porém, é esta:

http://i.ytimg.com/vi/5YXJ7Bczg-k/maxresdefault.jpg 

http://community.sephora.com/t5/image/serverpage/image-id/50705iE71694AD842691E0?v=mpbl-1 

I have a serious problem dealing with toxic people (whether they’re fake, arrogant, Debbie downers prone to melodramas or just plain callous and insensitive miserable souls) but I think negativity bothers me more than anything else. Like so many other of our adult idiosyncrasies, this one also dates back to childhood and a parental figure in my life. 
 

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