Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

19 de dezembro de 2015

Frases (e sentimentos) avulsos

Disseram-me recentemente que vivemos num Mundo imundo e perigoso; respondi-lhe assim: O Mundo pode ser imundo e perigoso, mas ainda há pessoas belas e eu preciso de acreditar que a grande maioria dos seres humanos não são monstruosas. Por alguma razão a minha canção favorita é esta – apesar de todos os perigos e imundices por aí fora.

As emoções humanas são um "package deal". Reprimir sentimentos desagradáveis só serve para nos "anestesiar" e dessensibilizar tornando-nos, assim, insensíveis tanto à alegria, como à dor. A única maneira de sair deste torpor é tendo coragem para nos atirarmos de cabeça em direcção ao inferno emocional que tanto queremos evitar.

Ignorar a realidade e as emoções negativas não leva nem à alegria nem à paz de espírito, antes pelo contrário: evitar a dor resulta, frequentemente, numa corrente tóxica e constante de inquietação, mal-estar, ansiedade e comportamento disfuncional.

Por vezes é preciso atingir o fundo (bem fundo) do poço e acreditar que o único caminho daqui para a frente é a subir. E isso doi. E isso custa. E isso é necessário.

Nós só podemos controlar duas coisas na vida: o modo como nos preparamos para o que possa acontecer (bom e mau) e o modo como reagimos ao que acabou de acontecer. Na maioria das vezes não podemos controlar o exacto momento em que as coisas acontecem nas nossas vidas, e é precisamente por isso que precisamos de estar preparados. E é isso a sorte: quando a preparação e a oportunidade se cruzam. E é isso o azar: falta de preparação face às oportunidades presentes.

O perdão não exonera o perpetrador nem justifica comportamentos desprezíveis; por ser um pilar da paz e da serenidade, o perdão é um presente que oferecemos a nós mesmos. Porém, perdoar requer mais força do que viver de coração pesado, ressentido, vingativo ou cheio de raiva; e é por isso que vale a pena: nada que vale a pena cai do céu, assim sem mais nem menos. Tudo quanto vale a pena dá trabalho.

Ao abrir os nossos olhos para os "milagres" da vida, a gratidão promove estados de alegria, tranquilidade, entusiasmo e empatia. A gratidão inibe emoções dolorosas como a ansiedade, a mágoa, a solidão e a tristeza, e é fundamentalmente incompatível com a inveja. A gratidão é reconfortante. Infelizmente, por vezes passamos demasiado tempo preocupados com o que perdemos ou nunca tivemos em vez de valorizar o que já temos e, mais importante ainda, quem já temos nas nossas vidas. E isto é um erro, contraproducente e uma verdadeira perda de tempo e energias. Por alguma razão Cícero apelidou a gratidão a mãe de todas as outras virtudes.

Nós definimo-nos pelas histórias que contamos a nós mesmos.

A minha biografia não é o meu destino; as minhas decisões são o meu destino. Sempre que me agarro à minha história, faço-o à custa do meu destino.

Sem comentários:

Enviar um comentário

(Insultos e SPAM serão eliminados)