Fobias
são muito mais do
que receios ou “meros” medos. Fobias
são medos frequentemente infundados (mas sempre intensos e persistentes)
de situações, de objectos ou de animais. Fobias são incapacitantes e desproporcionais
à ameaça inerente. Fobias são medos que não podem ser explicados racionalmente.
Por serem incapazes de
controlar os seus medos irracionais, os
indivíduos fóbicos lidam com esta patologia evitando a situação / objecto / animal que tanto tumulto e ansiedade lhes causam. Conheço quem adore
viajar e gostaria de conhecer meio mundo não fosse a fobia que tem de andar de
avião; conheço quem adore a natureza mas que tem pavor de pássaros; conheço
quem diz adorar jardinagem mas que evita esta actividade a todo o custo devido
à sua fobia a borboletas; conheço quem entre em pânico sempre que avista uma
aranha (por muito pequena que esta seja); conheço uma senhora que não é hoje
bióloga devido a uma fobia a todos os roedores que apresentem o mínimo de
semelhança aos ratos; conheci uma vez uma criança que desatava aos berros
sempre que via um palhaço; e tenho uma sobrinha que adora animais e anatomia,
que preferiria ser veterinária a fazer o que faz hoje, mas que entra em pânico
sempre que vê sangue. Tudo pessoas super-inteligentes e interessantes, nenhuma
orgulhosa de sentir tanta impotência ou de fazer tanto alarido sempre que se
depara com algo tão inofensivo. Algumas sentem vergonha das suas fobias e todas
dizem que gostariam de ser diferentes…mas dizem que não conseguem por si
próprias. Não obstante os prejuízos significativos que estes medos sem nexo
lhes têm causado ao longo da vida, todas põem de parte a hipótese de auxílio
profissional por saberem que isso implicaria contacto com a fonte de tanta
agitação irracional. Muitas preferem guardar segredo devido às “gracinhas” de
mau gosto de que são por vezes vítimas por parte de engraçadinhos sem piada
nenhuma; o facto de sofrerem com isso, por si só, não deve ser motivo de
alegria para ninguém.
Muitas destas fobias têm
origem em experiências traumáticas vividas durante a infância, porém, dizem os
entendidos que a origem da maioria de tanto desconforto insidioso não tem qualquer
motivo aparente.
Eu nasci com uma fobia de
elevadores. Como isto é de nascença, não faço a minima idéia de onde veio.
Lembro-me de em crianca, sempre que me metia dentro de um elevador de ter de ir
ao colo ou agarrada às pernas de alguém, olhos bem fechados enquanto rogava aos
anjinhos para que aquela caixa não parasse antes de chegar ao destino e as
portas se abrissem. Mesmo em adolescente lembro-me de não conseguir olhar para
a porta de um elevador sem sentir o coração a bater desenfreadamente e os
músculos todos tensos e nunca esquecerei o esforço que foi preciso para, aos 12
anos, finalmente me meter num elevador sozinha. Com a idade, e por necessidade,
este pavor desmedido e incontrolável deixou de ser tão intenso e incapacitante
mas continuo a não gostar deles. Nunca vivi (nem faço tenções de viver) num
andar superior ao terceiro. Já visitei as plataformas de observação do Empire
State Building em NYC, Space Needle em Seattle e CN Tower em Toronto … sempre
com o coração nas mãos… mas continuo a não achar piada absolutamente nenhuma a
arranha céus. Esporadicamente ainda sonho que entro num elevador que não pára no
destino: ora sobe sempre e depois torna-se teleférico, ora desce até à cave e
depois só anda para o lado; quando finalmente decide parar e abrir a porta,
deixa-me sempre perdida num sítio completamente diferente do meu destino
original. Escusado será dizer que estes são sonhos de excessiva ansiedade e que so servem para me estragar o dia.