Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

27 de março de 2015

O Pato Bob (mais uma fábula, porque sim):



Para não fugir à regra, um pato chamado Bob mais os seus amigos nortenhos decidiram um dia voar para o sul do país de modo a escapar aos rigores do inverno. Às tantas decidem descansar as asas numa quinta; após recuperarem as energias é altura de recomeçarem a viagem. Mas Bob estava a gostar de tal maneira da quinta e daquele (diga-se de passagem) tão merecido repouso, que resolveu ficar-se por lá e prometeu aos amigos que regressaria com eles para o Norte quando chegasse a Primavera. A Primavera chegou, os outros patos regressaram ao Norte e, como previamente prometido, pararam na quinta para apanharem o seu amigo. 

Acontece que por esta altura o Bob já se sentia de tal maneira aclimatado ao novo ambiente e à sua nova condição que mudou de opinião: “Isto aqui é tão agradável, eu sinto-me tão bem assim, vocês que vão andando sem mim que eu prometo que quando por cá passarem novamente desta vez é que vou mesmo convosco.” 

Veio o Outono, a mesma história. Bob não queria arredar asa. A cena repetiu-se várias vezes até que, num belo dia de Primavera, os outros patos voltaram a parar na quinta, desta vez com um ultimato para Bob: “Esta é a última vez. Ou regressas hoje connosco ao Norte, ou ficas aqui sozinho. Resolve-te.” Relutantemente, Bob aquiesceu: “Pronto, está bem, eu vou.” A ideia de ficar por ali desterrado para sempre não lhe agradava nada.

Só que, quando chegou a altura de levantar voo, Bob não conseguiu acompanhar os outros patos e bateu com o bico no celeiro, acabando mesmo por ficar por ali, a preguiça e o remorso os seus únicos companheiros.

Moral da história:
Esta pequenina fábula é bem demonstrativa de que todos nós abdicamos de algo sempre que nos deixamos ficar demasiado confortáveis perante uma situação qualquer. Se tivessemos ficado satisfeitos com a educação que recebemos na instrução primária, a grande maioria de nós nunca teria passado da cepa torta. A inércia, desde que não abusemos dela, ajuda a recarregar as baterias, rejuvenesce e torna-nos mais produtivos; mas não é nada bom rendermo-nos à indolência e à letargia por um período superior ao necessário. É preciso exercitar o cérebro, é preciso exercitar os músculos, é importante viver com saudáveis doses de energia e ambição. É importante manter a mente aberta às novidades e receptiva às possibilidades. A mudança nem sempre é má.  

It is imperative to challenge ourselves daily and we should also make a concerted effort to avoid falling in a never-ending rut. Change and ambition are good – to a certain extent. Avarice, on the other hand, not so much.
 http://www.peaksalesrecruiting.com/wp-content/uploads/2014/12/ben-franklin-persistence.jpg

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