Para não fugir à regra, um pato chamado Bob mais os seus
amigos nortenhos decidiram um dia voar para o sul do país de modo a escapar aos
rigores do inverno. Às tantas decidem descansar as asas numa quinta; após
recuperarem as energias é altura de recomeçarem a viagem. Mas Bob estava a
gostar de tal maneira da quinta e daquele (diga-se de passagem) tão merecido
repouso, que resolveu ficar-se por lá e prometeu aos amigos que regressaria com
eles para o Norte quando chegasse a Primavera. A Primavera chegou, os outros
patos regressaram ao Norte e, como previamente prometido, pararam na quinta
para apanharem o seu amigo.
Acontece que por esta altura o Bob já se sentia de tal
maneira aclimatado ao novo ambiente e à sua nova condição que mudou de opinião:
“Isto aqui é tão agradável, eu sinto-me
tão bem assim, vocês que vão andando sem mim que eu prometo que quando por cá
passarem novamente desta vez é que vou mesmo convosco.”
Veio o Outono, a mesma história. Bob não queria arredar asa.
A cena repetiu-se várias vezes até que, num belo dia de Primavera, os outros
patos voltaram a parar na quinta, desta vez com um ultimato para Bob: “Esta é a última vez. Ou regressas hoje
connosco ao Norte, ou ficas aqui sozinho. Resolve-te.” Relutantemente, Bob
aquiesceu: “Pronto, está bem, eu vou.”
A ideia de ficar por ali desterrado para sempre não lhe agradava nada.
Só que, quando chegou a altura de levantar voo, Bob não
conseguiu acompanhar os outros patos e bateu com o bico no celeiro, acabando
mesmo por ficar por ali, a preguiça e o remorso os seus únicos companheiros.
Moral da história:
Esta
pequenina fábula é bem demonstrativa de que todos nós abdicamos de algo sempre
que nos deixamos ficar demasiado confortáveis perante uma situação qualquer. Se
tivessemos ficado satisfeitos com a educação que recebemos na instrução
primária, a grande maioria de nós nunca teria passado da cepa torta. A inércia, desde que não abusemos dela,
ajuda a recarregar as baterias, rejuvenesce e torna-nos mais produtivos; mas
não é nada bom rendermo-nos à indolência e à letargia por um período superior
ao necessário. É preciso exercitar o cérebro, é preciso exercitar os
músculos, é importante viver com saudáveis doses de energia e ambição. É
importante manter a mente aberta às novidades e receptiva às possibilidades. A
mudança nem sempre é má.
It is imperative to challenge ourselves daily and
we should also make a concerted effort to avoid falling in a never-ending rut.
Change and ambition are good – to a certain extent. Avarice, on the other hand,
not so much.