A única certeza que tenho é a de que nada sei; dito isto, sinto que o Ser humano não se limita a “x” de carcaça (corpo) com “y” de personalidade. Acredito que cada um de nós é composto por um bloco de energia, particulas que se movem tão depressa, tão depressa, que parecem imóveis. Aquilo a que chamamos “corpo” nada mais é do que uma máquina que, como todas as máquinas, se comportam melhor quando são novas mas que, com o passar dos anos, cansam-se e acabam por lhes dar o béri-béri. Este corpo que habitamos temporariamente não passa de uma “miscelânea” do ADN dos nossos antepassados e que mais tarde será “reciclado.”
Conheço quem diga que a vida é uma linha mais ou menos recta; eu acredito mais no conceito circular da vida (“the circle of life”) e menos de que a vida é linear, com princípio, meio e fim.
Não penso assim para que me sinta melhor, ou porque gosto mais do que a alternativa; é isto o que eu sinto desde os meus tempos de criança e, ao contrário do que se possa pensar, este tipo de pensamento não se deve a nenhuma lavagem cerebral por parte de nenhum adulto, nem tão pouco ao condicionamento social, antes pelo contrário.
Como tanta criança do Portugal dos anos 60, eu também frequentei colégios de freiras onde padeci com aulas de Religião e Moral, naquele tempo obrigatórias. Como se isso não bastasse, durante cinco anos fui obrigada a todos os domingos assistir à Missa, véu branco a tapar o cabelo e sempre em jejum (que era para não receber o corpo de Cristo sem sacrifício e evitar cometer um pecado mortal que me levasse direitinha ao inferno). Seguiam-se as aulas de Catequese onde a doutrina que me tentaram impingir ia sempre contra aquilo que, na minha perspectiva, fazia mais sentido.
Hoje em dia continuo a sentir-me muito despegada deste corpo e a vê-lo não como o que eu sou, mas como um meio de transporte (“a vessel”) para o que sou; quando este “vessel” der o berro (e já faltou mais) eu continuarei a existir noutra forma, noutra dimensão.
Talvez por isso não encare a morte como um “vazio” seguido de um “nada.” Já Antoine Lavoisier, biólogo e químico francês do séc. XVIII e hoje considerado “o pai da química moderna”, dizia: “Rien ne se créé, rien ne se perd.” Nada se cria, nada se perde. Nada morre, tudo se transforma.
E é esta a minha Fé.
Nada convencional, admito, mas é minha.
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