Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

29 de novembro de 2014

1613



É este o título de um livro que acabei agora de ler, da autoria de Pedro Vasconcelos e editado pela Oficina do Livro. Conta-se pelos dedos de uma mão os livros que, nos últimos 38 anos, tenho lido em português; é que, infelizmente, se não forem oferecidos por algum “forasteiro” que nos vem visitar não tenho onde os comprar. Foi o caso deste livro, oferta de uma prima que veio até cá passar uma temporada connosco.  Para além das pessoas, tenho muitas saudades de certas coisas portuguesas e ler na minha língua materna (a minha primeira paixão), é apenas uma delas.

Trata-se de um romance semi-histórico que relata uma bonita história de amor proibido e aqueles vínculos indestrutíveis de amizade que tanto aquecem o coração a tantos de nós. Mas como não há Yin sem Yang, Pedro de Vasconcelos enche 259 páginas a descrever as aventuras e desventuras  dos conquistadores portugueses da época os quais, pelas mais diversas razões, abandonam o Reino e vão para as terras dos outros destruir civilizações e costumes, usurpar os seus tesouros e substituir religiões e crenças locais pelo catolicismo; até os calvinistas dos holandeses (para além de competirem com os portugueses pelos mesmos tesouros e territórios) eram mal vistos por serem protestantes. Tudo isto descrito com inúmeros relatos de ódio, sacanagem, drama, intolerância, injustica social a dar e a sobrar, egos do tamanho do Universo e iguais doses de amor, beleza e solidariedade. O ser humano em toda a sua complexidade e esplendor, simultaneamente o canalha que desencadeia guerras (estúpidas, sempre estúpidas!) que é apologista da escravatura e defensor do Santo Oficío e da Inquisição, também tem capacidade para amar e ser solidário.

Tudo isto passado no meio belo e exótico compreendido entre Timor e Goa, como o título indica, em plena época filipina. O início do livro fez-me lembrar as lendas da padeira de Aljubarrota e as lutas entre David and Golias, o fraco fazendo negra a vida do forte, os franzinas dos portugueses com os seus recursos escaços a defenderem um forte em Timor dos holandeses todo-poderosos com mezinhas, magia negra e caldeirões de água a ferver. Na mesma veia, também me lembrei de uma história contada pela minha avó decorrida durante a primeira guerra mundial quando o meu avô estava destacado no forte do Caniço, em que barquitos de pesca madeirense decidiram fazer frente a um submarino alemão.  Valentia e tenacidade, duas qualidades que admiro muito!

Gostei porque me ajudou a refrescar a memória (tanto da ortografia e vocabulário português como, também, daquele periodo da História de Portugal). Gostei pelo factor histórico e pelas descrições e simbolismo, mas tive uma certa dificuldade em aceitar tanta magia e alquimia. Não obstante deixou-me com vontade de ler 1617 e 1621, dois livros que dão prosseguimento aos feitos extradordinários e aos infortunios das personagens; por outras palavras, a saga continua e eu quero saber o que acontece àquela gente.

Trilogia:
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