Nota Breve

Podia ter chamado este blog "Reflexões de uma luso-americana"; escolhi "Mensagem numa garrafa" por desconhecer o destino das minhas palavras e o impacto que estas terão. Será escrito nas versões de português de Portugal (pelos menos da maneira que me recordo) e de inglês americano.

This blog could have been named "Musings of a Portuguese-American"; I chose "Message in a Bottle" as I will never know who my words will reach and the impact they'll have on all those strangers. It is being written in American English, as well as in Portuguese from Portugal.

9 de abril de 2017

(mais) Fernando Pessoa e seus heterónimos

Tenho tanto sentimento,
Que é frequente persuadir-me,
De que sou sentimental.
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
(Fernando Pessoa, in "Cancioneiro")

Uma vez amei, julguei que me amariam
Mas não fui amado.
Não fui amado pela grande e única razão –
Porque não tinha de ser.
(Alberto Caeeiro, in “Poemas inconjuntos”)

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
(Álvaro de Campos, in "Poemas")


Quero, terei –
Se não aqui,
Noutro lugar que inda não sei.
Nada perdi.
Tudo serei.
(Fernando Pessoa)

Partir!
Nunca voltarei,
Nunca voltarei porque nunca se volta.
O lugar a que se volta é sempre outro,
A gare a que se volta é outra.
Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia.
Partir! Meu Deus, partir! Tenho medo de partir!...
(Álvaro de Campos)


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