O conservatismo e o elitismo entrincheirados na indústria
bancária (sobretudo no sector dos grandes bancos de investimento) bloqueia
candidatos que não se enquadram num determinado molde, ou "pedigree".
Ou porque o desgraçado é possuidor de um determinado sotaque ou tom de pele que
foge à norma; ou porque teve a audácia de se apresentar na entrevista com uma
indumentária considerada imprópria para um cargo tão nobre; ou por ter tido o
azar de nascer de perna curta (uma realidade, sobretudo, dos candidatos do sexo
masculino de baixa estatura); ou porque é oriundo da Universidade Zeca Qualquer
em vez de uma Universidade prestigiada ou pertencente ao agrupamento de Ivy
League. Claro que, em princípio, a descriminação no local de trabalho e durante
o processo de entrevista é ilegal, o problema reside quando este tipo de
descriminação e racismo nem sempre é perceptível, quando se esconde por detrás
de argumentos, em princípio, plausíveis.
Isto nota-se, sobretudo, nas áreas de “corporate finance” e
de fusões e aquisições e acontece, maioritariamente, com jovens acabadinhos de sair da faculdade, ainda cheios de esperança e ingenuidade, ignorantes das regras do jogo e daquilo que os espera.
Por nem sempre serem julgados de acordo com as suas
habilitações, habilidades e potencial, jovens brilhantes da classe média e
baixa perdem oportunidades por desconhecerem certas regras arcanas desta
cultura conservadora e hipercompetitiva.
Há mais luas do que quero admitir, eu fui uma dessas jovens de
olhos brilhantes e coração repleto de esperança e sonhos. Depressa perdi a
ilusão. Aguentei-me durante muito tempo, armada em
forte, sempre a procurar o positivo e tentando aprender lições
valiosas com o negativo. Aguentei-me,
sobretudo, por razões económicas. Mas o dinheiro nem sempre é tudo, cheguei a um ponto e
idade em que ou era a minha sanidade mental ou o “status quo”, dei vários
suspiros bem fundos e larguei aquilo tudo.
Esta foi uma decisão que me roubou muitas noites de sono e que me custou
financeiramente, mas o certo é que está agora a fazer um ano e ainda não
me arrependi.